Ainda que Tracy Letts tenha construído todos os personagens da peça com complexidade e grande relevância para a trama, Violet (Guida Vianna) e Barbara (Letícia Isnard) são as suas protagonistas.
Vencedora de 3 prêmios por sua interpretação em Agosto, Guida Vianna comenta sua personagem:
“Violet é uma mulher que vive numa situação limite, literal e metaforicamente falando. Literal porque faz quimioterapia para um câncer de boca e talvez sua morte esteja anunciada. Metaforicamente, porque sua família está se desmantelando: o marido sumiu, as filhas só esperam o funeral para partir e a ela só restará permanecer sozinha aos cuidados de uma empregada que ela não conhece. Barbara é a filha preferida porque Violet a julga a mais inteligente e a mais parecida com ela. Os temperamentos parecidos levam as duas a embates frequentes. Violet guarda profunda mágoa de Barbara porque ela não voltou pra casa quando soube do seu câncer, mas voltou quando o pai desapareceu. A peça conta uma história familiar na extensão de seus conflitos e de seus afetos. E essa família pode servir como espelho reflexivo para qualquer indivíduo.”
Vencedora de 2 prêmios por sua interpretação em Agosto, Leticia Isnard comenta sua personagem:
“Barbara é uma mulher forte, que está num momento de total desestabilização. Seu casamento está ruindo, vive em crescente conflito com a filha adolescente, está a muito afastada das irmãs, do pai e bate de frente com sua mãe, Violet. Ela luta para não ter o mesmo destino da mãe: a solidão, consequente de uma personalidade forte, acachapante e agressiva. A tendência de Barbara é ficar igualzinha a Violet. E romper com esse ciclo de infelicidade e violência é também um ato de amor.”
O diretor André Paes Leme divide o palco nos cômodos da casa para uma “múltipla espacialidade” que vai exigir uma visão ativa do espectador.
– O primeiro cuidado que tive com a adaptação foi suavizar o contexto norte-americano da peça. O segundo foi em relação ao realismo acentuado proposto pelo autor. Priorizei as situações de conflito e busquei não valorizar ao detalhe a construção do ambiente de cada cena. Me interessa a complexidade das relações familiares, a intensidade com que depositamos no núcleo familiar tanto um amor inquestionável como também despejamos as angústias e inseguranças das nossas vidas. Textos como esse revelam o quanto imprevisível é o comportamento humano – explica o diretor. – A montagem divide o palco nos cômodos da casa em que se passa a história. A ação passeia por todos os cômodos e a proposta do autor é que o espectador possa ver simultaneamente todos os ambientes. Na nossa concepção, as cenas são sobrepostas: a personagem que está num determinado ambiente estará exatamente ao lado de outra que ocupa outra área da casa. Gradativamente, as diferentes cenas vão convivendo no palco.
Se o destino das personagens é inevitavelmente trágico, isso não faz de AGOSTO uma tragédia. Tracy Letts usa recursos do melodrama, da comédia de costumes, das sitcoms da televisão norte-americana e do vaudeville, mantendo a unidade formal, a coerência interna e estética da sua obra.
Tracy Letts é um dos mais importantes autores do teatro contemporâneo dos EUA. Nascido em Tulsa, Oklahoma, é um dos mais importantes autores norte-americanos vivos. Vencedor dos prêmios Pulitzer na categoria Melhor Drama e Tony na categoria Melhor Texto, August: Osage County estreou em Chicago em 2007, na montagem do Steppenwolf Theatre Company (companhia a que pertence Letts), encenada depois em Nova York e Londres, entre outras cidades e países. Em 2013, a obra inspirou o filme Álbum de Família protagonizado por Meryl Streep e Julia Roberts, além de Ewan McGregor, Juliette Lewis, Sam Shepard e Benedict Cumberbatch. E agora tem sua primeira montagem no Brasil pelas mãos da produtora Maria Siman, da Primeira Página Produções, em parceria com Andrea Alves e Sarau Agência de Cultura Brasileira. Responsável pela produção de importantes espetáculos como Ensina-me a Viver, O Pequeno Príncipe, O Grande Circo Místico, Incêndios e Maria do Caritó, Maria Siman adquiriu os direitos do texto teatral para montagem no Brasil após assistir ao filme Álbum de Família. “Percebi que se tratava de dramaturgia adaptada para o cinema e parti em busca dos direitos de montagem da peça no Brasil”, lembra.
Ficha técnica
Texto: Tracy Letts
Tradução: Guilherme Siman
Direção e Adaptação: André Paes Leme
Elenco/personagens: Guida Vianna (Violet Weston), Leticia Isnard (Barbara Fordhan), Alexandre Dantas (Steve Heidebrecht), Claudia Ventura (Karen Weston), Cláudio Mendes (Charlie Aiken), Eliane Costa (Mattie Fae Aiken), Guilherme Siman (Charles Júnior), Isaac Bernat (Beverly Weston/Bill Fordham), Julia Schaeffer (Johnna Monevata), Isabelle Dionísio (Jean Fordham) e Marianna Mac Niven (Ivy Weston)
Diretor Assistente: Anderson Aragón
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Figurino: Patrícia Muniz
Iluminação: Renato Machado
Música: Ricco Viana
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Projeto Gráfico: Mais Programação Visual
Fotos de Divulgação: Silvana Marques
Produção Executiva: Felipe Valle e Fernanda Silva
Direção de Produção: Maria Siman e Andrea Alves
Idealização e Coordenação Geral: Maria Siman
Realização: Primeira Página Produções
https://www.facebook.com/agostoapeca
Serviço
Centro Cultural João Nogueira – Imperator
Rua Dias da Cruz, 170, Méier
Tel.: (21) 2597-3897
Temporada: 9 a 25 de agosto, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h
Ingresso: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia entrada)
Vendas na bilheteria, terças e quartas das 13h às 20h30, quinta a sábado das 13h às 21h30 e domingos das 13h às 19h30, ou pelo site https://www.ingressorapido.com.br
Duração: 130 minutos
Classificação:14 anos
Comédia dramática